quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Professora da Rede Pública, responde a perguntas sobre os problemas enfrentados por ela.



Profª Kenya Pimenta, formada em
História e estudante de Letras
da Universidade Paulista
Para a compreender melhor a rotina de trabalho de um Educador e entender os reais fatos e consequências dos problemas enfrentados na Rede Pública, partimos para o trabalho em campo e optamos pela entrevista de um profissional.
A Profª Kenya Pimenta tem 24 anos e leciona História para os alunos do ensino fundamental na Escola Estadual Senador Paulo Egydio Oliveira Carvalho, no Bairro da Vila Maria, Zona Norte da Capital. 
Ela nos cedeu uma entrevista e respondeu perguntas a respeito dessas questões, perguntas que já expõe o objetivo de nosso trabalho.Afinal, nada como quem está dentro do problema para discutir  expor e até mesmo, analisar a possibilidades de resolvê-lo. 

Professora, qual é exatamente o maior problema que você enfrenta dentro da sala de aula, no convívio com os alunos?
O meu maior problema é a falta de interesse e de respeito, os alunos não querem aprender, se sentem obrigados a estarem em sala de aula. Não encaram a escola como lugar de aprendizado e de troca de experiências, mas sim um lugar onde precisam estar porque seus pais os obrigam, logo não tratam com respeito tudo aquilo que envolve a escola, como o professor e o espaço escolar.
 E o problema de gestão quanto ao trabalho dos educadores?
A rede pública ,em si, não auxilia no trabalho dos educadores, ao contrário cria impecilhos para o desenvolvimento desse trabalho, quando a direção da escola colabora fica mais fácil, porém em muitas escolas a direção é a primeira a dificultar e desestimular o trabalho do educador. 
É desmotivador enfrentar essas situações? Você já pensou em deixar a carreira por se sentir mal-remunerada e desrespeitada pelo Estado?
Extremamente desmotivador, penso constantemente em largar a educação, pois o desrespeito é total. Todo início de ano é a mesma coisa; atribuímos aula um dia antes do início do ano letivo, não há regras, te “jogam” na sala de aula sem nenhum plano de ensino, ficamos meses sem receber, o salário é baixo, não temos direitos. Fico sempre endividada no inicio do ano por causa desse descaso, não tenho direito nem de protestar e fazer greve, pois se eu o fizer meu contrato é cancelado. Não larguei por que adoro o que faço e não consigo me imaginar fazendo outra coisa, porém não há como ter uma estabilidade muito menos paz de espírito. 
E quanto aos alunos? É desmotivador ensiná-los?
Acredito que é o que mais me desmotiva, pois por muitas vezes dá a impressão que eles fazem um favor em ouvir o que estou falando. Muitos me questionam o por que de aprender a matéria de História, já que vão seguir o crime. Então são muitas coisas que temos que aprender e aturar e ninguém nos ensina isso na faculdade, obviamente que não são todas as escolas públicas assim, mas infelizmente é a maioria.

Como estudante de Letras, qual a motivação que você tem para continuar como Educadora, diante desses problemas todos, dentro e fora da sala de aula?
Minha motivação é lecionar, gosto de passar o que sei, de ver o processo de construção de senso critico, de opinião e de aprendizagem dos alunos, mas tenho claro que quero sair da rede pública de ensino pois não terei saúde se permanecer por muitos anos nisso, me envolvo e isso me faz mal, por isso quero seguir lecionando em Universidades.

Professora, para encerrar, qual é a primeira solução que você acredita que deve ser tomada de imediato nas questões administrativas da educação pública?


Primeiramente mudar o governo, precisamos escolher melhor nossos governantes, creio que seja proposital não investir na educação. Esse descaso tem motivos muito maiores, analisando por um contexto histórico, se não investimos em uma educação digna teremos pessoas alienadas e sem senso critico e logo maus eleitores, menos questionamentos e mais cabeças baixas para tudo o que está acontecendo. Por fim, acredito que além do governo, o brasileiro tem que se sentir mais apropriado da escola, entender que lá é um lugar de crescimento e não apenas um lugar obrigatório.



Postado por: Cleberson Sales 

Nenhum comentário:

Postar um comentário