segunda-feira, 25 de maio de 2015

Trabalho de Análise do Discurso e Semiótica - Análise de Capa da Revista Veja





Conforme a teoria, o Valor da Informação "refere-se à localização dos elementos participantes (direita/esquerda, alto/baixo, centro/margem) baseada nos elementos dado/novo a serem analisados no eixo horizontal. Em relação ao elemento à direita temos o novo, ou seja, aquilo que é acrescido, e em relação ao elemento colocado à esquerda, temos o dado, que é aquilo que já é conhecido. Os elementos ideal/real são analisados no eixo vertical em relação à posição do elemento no texto, no sentido de que, se estiver no alto, representa o ideal e, se estiver mais abaixo, representa o real. Além de representar a relação ideal/real, o eixo da verticalidade pode expressar as relações de poder, estando o elemento representativo dessas relações localizado mais ao alto e o menos representativo mais abaixo."

Segundo as categorias analíticas a informação velha é o dado à esquerda; que implícita sob o nosso conhecimento de mundo,nos diz que a Rede Globo é a maior emissora do Brasil. Vemos a identificação do título da Capa em letras Garrafais e em branco, contrastando com o fundo preto para melhor destacá-lo. 
O fenômeno de intertextualidade fica exposto na criação de uma capa que nos lembre a trilogia de filmes: "Guerra nas Estrelas",  nos remetendo ao espaço sideral, e raios laser emitidos pelas câmeras, que representam as outras emissoras, ou seja, as espaço-naves inimigas em ataque. 

A teoria da saliência diz respeito a como os elementos participantes são produzidos para atrair a atenção dos outros em diferentes graus (lugar que ocupa, tamanho relativo, contrastes em valor tonaml (cor), diferenças de formas, entre outros fatores). Quanto aos elementos composicionais, por exemplo, temos o tamanho e a localização reservados para uma foto no espaço de um determinado texto.

Conclui-se que que as práticas da linguagem da globalização, configura-se como a representação da realidade. 

bibliografia: Kress Van Leeuwen




quarta-feira, 6 de maio de 2015

APS 2015 - LITERATURA BRASILEIRA POESIA

“Saudades”
de Álvares de Azevedo
Análise do Poema “Saudades” de Álvares de Azevedo







OLIVER, André
ORTEGA, Nathália
ENDRIGO, Viviane










“Saudades”
de Álvares de Azevedo

Análise do Poema “Saudades” de Álvares de Azevedo










Resumo: Este trabalho tem por objetivo analisar o poema “Saudades”, de Álvares de Azevedo. Examinando mais especificamente as suas características ultra-românticas, a sua relação com o período em que foi escrito, com seus autores contemporâneas e também a influência exercida por Lord Byron expressa nesse fragmento da extensa obra do autor.  Desenvolvido sob a orientação da Profº Dra. Martha Baena da S. Maldonado, para conclusão das Atividades Práticas Supervisionadas do 4º e 5º Semestre do Curso de Licenciatura em Letras – Língua Portuguesa e Inglesa da Universidade Paulista.





            Introdução
            Em 1831 nasceu em São Paulo Manuel António Álvares de Azevedo, a maior expressão do ultrarromantismo da poesia brasileira. Álvares seguiu o caminho de outros tantos poetas de sua geração; formou-se em Direito na Universidade de São Paulo e morreu jovem vítima de complicações causadas por um acidente de cavalo, aos 21 anos de idade.
Definido por alguns críticos e estudiosos da literatura como “a antítese personificada”, Álvares de Azevedo nos deixou uma vasta produção literária, se comparado ao tempo em que se dedicou à literatura. A sua poesia, a prosa e o teatro – sete livros, discursos e cartas – foi escrita em um curto período de quatro anos, enquanto foi universitário. Dentre essas obras encontramos a mais notável obra da Literatura de Poesia Ultrarromântica Brasileira A Lira dos Vinte Anos.
Publicada em 1853, um ano após a morte de Álvares de Azevedo, A Lira dos Vinte Anos, foi o principal título do autor, e nela consta o dualismo presente em sua linguagem poética, ou seja, a contrariedade. Essa característica romântica foi detalhadamente e fortemente expressa nesta obra de Álvares de Azevedo, trazendo à tona o byronismo1 que influenciou a sua criação literária.
Na primeira parte desta antologia poética encontramos, após analisar a obra, o poema “Saudades”, e para contribuir ao entendimento do estilo e influência de Álvares de Azevedo, buscamos minuciar cada verso, e trazer as características que existem em cada um deles que definiram o seu estilo literário, e demonstraram as influencias e acontecimentos que contribuíram para a construção dele.



___________________________________________________________________
1Byorismo é o conjunto de características que advém da obra do poeta inglês Lord Byorn, (1788-1824). Toda a obra de Byron, que exprime o pessimismo romântico, com a tendência a se voltar contra os outros e contra a sociedade. Obras:  A Peregrinação de Childe Harold e Don Juan.



              O Poema
             
Saudades

Tis vain to struggle - let me perish young
BYRON

Foi por ti que num sonho de ventura
A flor da mocidade consumi...
E às primaveras disse adeus tão cedo
E na idade do amor envelheci!

Vinte anos! derramei-os gota a gota
Num abismo de dor e esquecimento...

De fogosas visões nutri meu peito...
Vinte anos!... sem viver um só momento!

Contudo, no passado uma esperança
Tanto amor e ventura prometia...
E uma virgem tão doce, tão divina,
Nos sonhos junto a mim adormecia!

Quando eu lia com ela... e no romance
Suspirava melhor ardente nota...
E Jocelyn sonhava com Laurence
Ou Werther se morria por Carlota...

Eu sentia a tremer e a transluzir-lhe
Nos olhos negros a alma inocentinha...
E uma furtiva lágrima rolando
Da face dela umedecer a minha!

E quantas vezes o luar tardio
Não viu nossos amores inocentes?
Não embalou-se da morena virgem
No suspirar, nos cânticos ardentes?

E quantas vezes não dormi sonhando
Eterno amor, eternas as venturas...
E que o céu ia abrir-se... e entre os anjos
Eu ia despertar em noites puras?

Foi esse o amor primeiro! requeimou-me
As artérias febris de juventude,
Acordou-me dos sonhos da existência
Na harmonia primeira do alaúde.

...

Meu Deus! e quantas eu amei... Contudo
Das noites voluptuosas da existência
Só restam-me saudades dessas horas
Que iluminou tua alma d'inocência.

Foram três noites só... três noites belas
De lua e de verão, no val saudoso...
Que eu pensava existir... sentindo o peito
Sobre teu coração morrer de gozo.

E por três noites padeci três anos,
Na vida cheia de saudade infinda...
Três anos de esperança e de martírio...
Três anos de sofrer - e espero ainda!
A ti se ergueram meus doridos versos,
Reflexos sem calor de um sol intenso,
Votei-os à imagem dos amores
Pra velá-la nos sonhos como incenso.

Eu sonhei tanto amor, tantas venturas,
Tantas noites de febre e d'esperança...
Mas hoje o coração parado e frio,
Do meu peito no túmulo descansa.

Pálida sombra dos amores santos!
Passa quando eu morrer no meu jazigo,
Ajoelha ao luar e entoa um canto...
Que lá na morte eu sonharei contigo.


            Compreendendo o Contexto de Criação da Obra
Para podermos entender o poema, é preciso antes definir a estrutura da obra A Lira dos Vinte Anos, aonde ele foi publicado.             Ela foi dividida em três partes, sendo a que na primeira e na terceira vemos um Álvares de Azevedo adolescente, casto, sentimental e ingênuo, a qual ele mesmo chama de A Face de Ariel, ou seja, a face do bem, e foi nesse contexto que o poema “Saudades” foi escrito. A segunda parte da obra foi já escrita sobre um autor mais obscuro, que vivia em mundo decadente, cheio de viciados, prostitutas e de andarilhos solitários sem rumo vínculos e sem destino. É a parte chamada de Face de Calibam, ou seja, a face do mal.
A utilização dos nomes de “Ariel e Calibam” vem da peça de William Shakespeare, (1564-1616), chamada de A Tempestade. São entidades mitológicas que representam respectivamente o bem e o mal. Esses personagens encarnam as duas faces exploradas pelo autor com Ariel estão os temas caros ao Romantismo, como o amor, a mulher e Deus, trabalhados num viés platônico e sentimental. A mulher assume caráter sobre-humano de virgem angelical, objeto amoroso de um encontro que, para a angústia do eu-lírico, nunca se realiza. Caliban, por sua vez, é a face sarcástica, irônica e autocrítica do fazer poético. Sobressaem os temas da melancolia, da tristeza, da morbidez e de Satã.

Analisando o Poema
            O poema “Saudades” faz parte da primeira parte da Lira dos Vinte Anos, portanto escrito sob a face de Ariel. Iniciemos pela dedicação do poema que contém um verso de Lord Byron:  Tis vain to struggle - let me perish young” Escrito em inglês arcaico, obtivemos uma tradução aproximada que diz: 2Não haja luta, deixe-me morrer jovem”. Podemos desde já apontar o byronismo da obra, pois o pessimismo e a busca pela morte como um ideal romântico já é anunciada antes mesmo do poema, através desses versos.
Versos que destacam as características ultrarromânticas são vistos nas primeiras estrofes, como, “E às primaveras disse adeus tão cedo. E na idade do amor envelheci!” e “Vinte anos! derramei-os gota a gota. Num abismo de dor e esquecimento..”. Aonde encontramos a expressão da dor do amor, do pessimismo que lhe causa a perda da vontade de viver, por conta de sentir algo tão poderoso pela pessoa amada.
De fogosas visões nutri meu peito... Vinte anos!... sem viver um só momento!”. Nesse verso podemos identificar uma característica que os ultrarromânticos tinha quando ao amor, a dualidade que envolve a atração e o medo, desejo e culpa. Segundo Mario de Andrade, (Escritor e Crítico Literário Modernista 1893-1945), os românticos e principalmente ultrarromânticos, temem a realização amorosa. Por isso existe essa ilusão; o amor é algo idealizado e possível somente no mundo poético, em sua imaginação.
Contudo, no passado uma esperança. Tanto amor e ventura prometia... E uma virgem tão doce, tão divina, Nos sonhos junto a mim adormecia! Para os ultrarromânticos o ideal feminino é normalmente relacionado com figuras incorpóreas ou assexuadas, como anjo, criança, ou como Álvares de Azevedo nos mostrou aqui, como uma virgem imaculada desprovida de sentimentos de desejos humanos.
Sempre que houver referências ao amor físico, serão apenas indiretamente, sugestivamente ou superficialmente como no verso a seguir: “Foram três noites só... três noites belas. De lua e de verão, no val saudoso... Que eu pensava existir... sentindo o peito Sobre teu coração morrer de gozo.”. Álvares insinua-nos que houve, por breve momento, no caso três dias, o contato físico com a pessoa amada.
Voltemo-nos para a imagem completa do poema, o todo que ele nos traz. Nesses versos Álvares de Azevedo explicita a dor de um sentimento único e exclusivo da língua portuguesa; a saudade.
Na primeira estrofe o poeta entrega-se a dor, deixando que ela se materialize em sua vida a ponto de envelhecer os seus dias, tendo em vista que Álvares tinha entre dezessete e vinte e um anos de idade quanto escreveu Lira dos Vinte Anos: Foi por ti que num sonho de ventura. A flor da mocidade consumi... E às primaveras disse adeus tão cedo. E na idade do amor envelheci!
Vemos também as referencias a personagens de obras consagradas na literatura mundial como Werther e Carlota, personagens principais da obra Os Sofrimentos do Jovem Werther, publicada em 1774, escrita pelo alemão Goethe, que é considerada, por muitos estudiosos, como um marco da Literatura Mundial. Essa citação á respeito de Werther e Charlotte, (Carlota no alemão), traz-nos a nítida noção do ultrarromantismo que dava início ao amor impossível, ao pessimismo, ao chamado “Mal do Século”, afinal trata-se de um amor não correspondido, já que Charlotte é comprometida com outro homem.
Considerações Finais
“Saudades” nos mostra com clareza a idealização do “Eu-lírico”, ou seja, da subjetividade, traço marcante do movimento ultrarromântico. Apesar de qualquer sentimento ser algo subjetivo, os românticos motivados pela imaginação e pela fantasia, idealizavam diversos temas, ou seja, os tratavam da maneira como queriam, guiados pela sua ótica pessoal. Essa subjetividade tonar o poeta romântico um egocêntrico, ou seja, ele é voltado predominantemente para o próprio eu e seus sentimentos, chegando a beirar algo como um “narcisismo pessimista”.
Consideramos que a influência de Lord Byron na obra de Álvares de Azevedo. Essa forma particular de ver o mundo, no caso de Álvares e outros poetas contemporâneos, a vida boêmia, noturna, voltada para o vício, para os prazeres da bebiba, do fumo e do sexo.
Sendo a relação entre o autor romântico e o mundo sempre medido pela emoção, isso trouxe a Alvares de Azevedo a devida porção de melancolia para sua obra. Aonde os sentimentos são exacerbados e expostos de maneira extrema nos seus versos. Diante de um tema amoroso, o tratamento literário nos revela esse grande envolvimento sentimental, sendo a saudade um deles, dentre a tristeza, a desilusão, e como já dissemos o pessimismo, muito presente.

Referências Bibliográficas
CEREJA, W. R. ; MAGALHÃES, T. C. Literatura Brasileira. São Paulo: Atual Editora, 1995. (463 páginas).
AZEVEDO, A. A lira dos Vinte Anos. 2ª Edição. São Paulo. Editora Escala. Coleção Grandes Mestres da Literatura Brasileira Volume 11.

BOSI, A. História Concisa da Literatura Brasileira. 41 Edição. São Paulo. Editora Cultrix.2009 (528 páginas).  

domingo, 26 de abril de 2015

APS - LITERATURA - ÁLVARES DE AZEVEDO - SAUDADES


Para elaboração das das Atividades Práticas Supervisionadas do 4/5º Semestre, escolhemos o poema Saudades, do ultra-romântico Álvares de Azevedo. Estamos desenvolvendo a Análise Crítica do Poema, para divulgação em 06/05/2015. 


Saudades 

De Álvares de Axevedo


Foi por ti que num sonho de ventura
A flor da mocidade consumi...
E às primaveras disse adeus tão cedo
E na idade do amor envelheci!

Vinte anos! derramei-os gota a gota
Num abismo de dor e esquecimento...
De fogosas visões nutri meu peito...
Vinte anos!... sem viver um só momento!

Contudo, no passado uma esperança
Tanto amor e ventura prometia...
E uma virgem tão doce, tão divina,
Nos sonhos junto a mim adormecia!

Quando eu lia com ela... e no romance
Suspirava melhor ardente nota...
E Jocelyn sonhava com Laurence
Ou Werther se morria por Carlota...

Eu sentia a tremer e a transluzir-lhe
Nos olhos negros a alma inocentinha...
E uma furtiva lágrima rolando
Da face dela umedecer a minha!

E quantas vezes o luar tardio
Não viu nossos amores inocentes?
Não embalou-se da morena virgem
No suspirar, nos cânticos ardentes?

E quantas vezes não dormi sonhando
Eterno amor, eternas as venturas...
E que o céu ia abrir-se... e entre os anjos
Eu ia despertar em noites puras?

Foi esse o amor primeiro! requeimou-me
As artérias febris de juventude,
Acordou-me dos sonhos da existência
Na harmonia primeira do alaúde.

Meu Deus! e quantas eu amei... Contudo
Das noites voluptuosas da existência
Só restam-me saudades dessas horas
Que iluminou tua alma d'inocência.

Foram três noites só... três noites belas
De lua e de verão, no val saudoso...
Que eu pensava existir... sentindo o peito
Sobre teu coração morrer de gozo.

E por três noites padeci três anos,
Na vida cheia de saudade infinda...
Três anos de esperança e de martírio...
Três anos de sofrer — e espero ainda!

A ti se ergueram meus doridos versos,
Reflexos sem calor de um sol intenso,
Votei-os à imagem dos amores
Pra velá-la nos sonhos como incenso.

Eu sonhei tanto amor, tantas venturas,
Tantas noites de febre e d'esperança...
Mas hoje o coração parado e frio,
Do meu peito no túmulo descansa.

Pálida sombra dos amores santos!
Passa quando eu morrer no meu jazigo,
Ajoelha ao luar e entoa um canto...
Que lá na morte eu sonharei contigo.